O ano de 2020 mostrou-se como o ano onde o planejado não pode ser executado, o inesperado prevaleceu contra o esperado e o mundo todo precisou parar para lutar contra um inimigo comum e invisível: o COVID-19.

Era para ser o ano das Olimpíadas em Tóquio, porém pela primeira vez em 124 anos de história¹, o evento foi adiado para 2021. O réveillon de Copacabana terá que assumir uma postura virtual² e até mesmo os grandes eventos de E-Commerce no mundo todo tiveram que se reinventar para este ano desafiador.

Dado este cenário, como podemos prever uma Black Friday? Como planejar esta data em um ano onde todos os planejamentos caíram por terra? Bem, seguem alguns insights que podem guiar as decisões:

1.   Sonho vs Necessidade

Por muitos anos a Black Friday foi o ano onde os consumidores planejavam realizar seus grandes sonhos de consumo aproveitando os descontos vigentes: era o ano de trocar o smartphone, de comprar a TV com muitas polegadas ou a viagem internacional tão sonhada.

Porém, o isolamento social trouxe com ele o desemprego: só no primeiro trimestre de 2020 são 1,2MM³ a mais sem renda versus o mesmo período em 2019. Entre as principais preocupações econômicas na América Latina estão: pelo menos mais 4 meses de crise econômica, expectativas ruins de emprego pós COVID-19 e efeitos negativos para os próximos 12 meses na atual situação econômica4.

Com isso, é bem provável que os consumidores utilizem a Black Friday para comprar o que precisam e não o que sonham. Produtos de primeira necessidade, bens-de-consumo e itens que podem ser estocados assumiram um protagonismo durante a pandemia. Se puder apostar em um produto do seu portfólio este ano, que seja o de necessidade e não o de desejo.

2.   Tem Muito Mais Gente Comprando Online

O isolamento acelerou o número de pessoas comprando online por uma questão de necessidade. O último Webshoppers 41ª Edição mostra que no segmento de Farma, o crescimento de novos consumidores foi de 3%, considerando o período entre março e abril de 2020 versus o mesmo período em 2019. Para o segmento de autosserviço esse crescimento sobre para de 12%.

Além disso, a Black Friday é naturalmente uma porta de entrada para novos  consumidores. Só em 2019, foi a data responsável por trazer 418 mil novos consumidores para o Ecommerce5.

Mais pessoas comprando significam mais pedidos e maior receita, certo? Nem sempre!

Vale lembrar que nunca foi tão importante garantir uma boa taxa de conversão dentro dos e-commerces. Essa taxa de conversão passa pelo conteúdo do seu produto, frete, disponibilidade de estoque e, é claro, um funil de conversão bem azeitado. Garantir que esses novos consumidores irão converter no seu negócio e que a experiência será positiva para uma recompra é indispensável nesse momento que estamos vivendo.

Se tiver que escolher entre um bom desconto ou uma boa experiência de compra nesta Black Friday, escolha a segunda opção.

3.   Venda pelos Canais que Estão Abertos

Eu nasci no bairro do Belenzinho, na Zona Leste de São Paulo. Morei durante mais de 30 anos no Tatuapé e vi um antigo restaurante do bairro fechar suas portas durante a pandemia. Foi um choque para todos os vizinhos e moradores: depois de 26 anos aquele famoso restaurante fechou as portas. O motivo alegado: COVID-19. O verdadeiro motivo: não venderam nenhuma refeição online, não entraram em nenhum App de refeição, não atendiam por WhatsApp, não abriram o cardápio todo para delivery. Ficaram presos a um canal de vendas que não era possível de ser executado com o isolamento.

A lição que eu tiro é: o meio pelo qual você vende seus produtos e serviços não pode tornar-se um impedimento às suas vendas.

Se tem um pequeno negócio: atenda via WhatsApp, atenda via Marketplace, atenda via telefone, mas não deixe de atender seus clientes. Tem um negócio maior? Acelere seu E-commerce, torne sua loja física um canal Omnichannel, acelere seu trabalho com meios de pagamentos digitais, mas não deixe de vender!

Segundo estudo da GhFly, 15% dos consumidores6 adquiriram produtos/serviços de negócios menores via WhatsApp durante a pandemia. O QR Code também se popularizou, hoje muitos cardápios estão disponíveis somente por este meio, além de ganharem espaço em muitas lives, publicidades em streaming vídeo e TV.

Num ano onde até a tradição das Olimpíadas foi quebrada é muito mais desafiador prever o dia seguinte. Porém, o que podemos garantir é que os consumidores seguirão comprando aquilo que precisam, que querem ter uma experiência de compra positiva e que vão aguardar a Black Friday vendendo pelos canais disponíveis e o que E-commerce é um deles!

Boas Vendas!

Por Cynthia Prado Andrade de Menezes 

Digital Marketing Manager for Ecommerce na Reckitt Benckiser. Com 15 anos de experiência em e-commerce, já passou pelas operações da Oracle, Unilever, Somlivre.com, Videolar.com, Kalunga.com e Centauro.com. É bacharel em Design Digital com MBA em Branding pela Universidade Anhembi Morumbi e tem especialização em Negócios Internacionais pela Universidad Andres Bello, no Chile.

WhatsApp: +55 11 98644-9984

LinkedIn:https://www.linkedin.com/in/cynthiaprado/

¹Fonte: G1 em 24/03/2020 https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/03/24/primeiro-ministro-do-japao-pede-para-adiar-olimpiadas-por-um-ano.ghtml

²Fonte: Marcelo Crivella em 26/07/2020 via Agência Brasil https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-07/covid-19-reveillon-do-rio-nao-foi-cancelado-mas-tera-novo-formato

³Fonte: Folha de São Paulo em 30/04/2020 https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/04/desemprego-vai-a-122-com-avanco-do-novo-coronavirus.shtml

4Fonte: GHFly Black Friday O Plano certo para suas vendas decolarem 2020. Bolso dos Consumidores e Crise Econômica – Impacto da COVID-19 na América Latina – Pesquisa online / Março 2020 em 13 países da América Latina | Perspectivas de emprego – Nielsen & The Conference Board Pesquisa de Confiança do Consumidor Q1’20.

5Fonte: WebShoppers 41ª Edição

6Fonte: GHFly Black Friday O Plano certo para suas vendas decolarem 2020.