Em tempos de digitalização impositiva para os negócios que por algum motivo ainda não tinham o próprio site, loja virtual ou qualquer outra forma de ampliação do relacionamento com os clientes (OmniChannel) e/ou oferta de produtos e serviços, há um tema que se impõe: o Lifelong Learn Ig.

Lifelong Learn Ig é o conceito de aprendizagem contínua ao longo da vida como uma necessidade básica para atuar no atual mercado de trabalho, cada vez mais digitalizado inclusive pelo crescimento do e-commerce e uso de novas tecnologias, assim como a inteligência artificial para atendimento ao cliente, o que pode causar a perda de postos de trabalho daqueles que não investirem em novas habilidades, principalmente para o uso de tecnologias.

Muitas pessoas utilizavam apenas os recursos de buscas e lojas virtuais – principalmente os Marketplace – e sabemos que houve um aumento nesses indicadores como aponta a pesquisa Painel TIC covid-19, pesquisa sobre o uso da internet no Brasil durante a pandemia do novo coronavírus 1ª edição. A pesquisa englobou atividades na internet, cultura e comércio eletrônico e foi realizada pelo centro regional de estudos para o desenvolvimento da sociedade da informação (cetic.br) vinculada ao núcleo de informação e coordenação do ponto br (nic.br)  do comitê gestor da internet no brasil (cgi.br). Destaco:

“Os efeitos da pandemia COVID-19 sobre a economia têm ocupado o centro da agenda pública de discussões. Do lado da oferta, o fechamento de setores considerados não essenciais provocou inúmeros desafios para as empresas manterem suas operações, seja pela necessidade de implantar o trabalho remoto, seja pelos efeitos de redução da demanda causados pelo isolamento social. Do ponto de vista dos consumidores, o comércio eletrônico se apresentou como alternativa central para a efetividade das medidas de distanciamento social. Os dados do Painel TIC COVID-19 confirmam a tendência de avanço das transações econômicas pela Internet, acelerando um movimento que já vinha ocorrendo entre os usuários de Internet e as empresas ao longo dos últimos anos. A série histórica da pesquisa TIC Domicílios vem mostrando um crescente aumento do uso da Internet para viabilizar o consumo de bens e serviços, tendência que se acentuou durante a pandemia. A proporção de usuários de Internet que afirmaram ter feito compras on-line passou de 44%, em 2018, para 66% no Painel TIC COVID-19. O crescimento do comércio eletrônico ocorreu entre os entrevistados de todas as regiões do país e classes e foi maior entre as mulheres, hábito que passou de 39% em 2018 para 70% em 2020.“

 O COVID-19 escancarou até mesmo para quem não quer ver a desigualdade socioeconômica desse país ao mesmo tempo tão rico e injusto que não tem igualdade nem equidade.

O Painel TIC COVID-19 também avalia o uso de ferramentas de aprendizagem on-line − dimensão que ganhou relevância durante a pandemia, em especial diante da interrupção de atividades presenciais em instituições de ensino. Entre os indivíduos que cursaram até o Ensino Fundamental, houve aumento de 22 pontos percentuais na realização de atividades ou pesquisas escolares em relação aos dados de referência de 2019, e de 28 pontos percentuais no estudo on-line por conta própria − acréscimos mais expressivos entre as mulheres e nas classes DE. Para além do contexto escolar, houve ampliação da realização de cursos on-line, atividade mais comum nas classes AB que DE. A aposta no trabalho remoto também foi destacada como solução emergencial para a manutenção de inúmeras atividades em períodos de quarentena. O Painel TIC COVID-19 aponta que 49% dos usuários de Internet com 16 anos ou mais afirmaram ter realizado atividades de trabalho pela Internet no período, um aumento de oito pontos percentuais em relação ao período de referência anterior. O uso da Internet para atividades de trabalho segue concentrado em parcela específica da força de trabalho, em especial entre os usuários de Internet com Ensino Superior e pertencentes às classes AB.

Como exigir o Lifelong Learn Ig em relação a qualificação profissional se muitas vezes os funcionários não têm a menor ideia de por onde começar a operar. Convenhamos, usar redes sociais não significa ter conhecimento digital.

Leandro Karnal em um de seus cursos fala que se aqueles que podem fazer Home Office e ficaram em casa o maior tempo possível não fez pelo menos um curso online nesse período, essa pessoa perdeu uma excelente oportunidade de desenvolvimento pessoal.

Podemos concordar, porém e aqueles que não puderam fazer isso por conta do seu trabalho, ou mesmo, ainda, que não tem a clareza da necessidade de aperfeiçoar as habilidades técnicas e operacionais para lidar com um mundo cada vez mais digitalizado em que algumas profissões serão substituídas por robôs ou máquinas?

Como esperar qualificação digital numa realidade socioeconômica em que a grande dificuldade é conseguir fazer a sua formação básica?

Trabalhar durante o dia e estudar a noite, para o Ensino Médio; na Graduação isso piora: o estudo noturno é em geral na rede privada, pois a rede pública é restrita a quem teve acesso a bons cursinhos pré-vestibulares pois a educação pública, apesar de ter profissionais aguerridos carece de estrutura e tem fartura de problemas desde estrutura física das escolas até o fechamento causado pela violência urbana, muitas vezes potencializado pelas políticas públicas de segurança.

Apoiar iniciativas sociais que fomentem a inclusão talvez seja um bom começo mas antes de mais nada precisamos de apoio de todas as esferas do Estado desde a pré-escola e principalmente alfabetização e letramento, afinal como podemos esperar que o Lifelong Learn Ig se popularize em um pais em que a taxa de analfabetismo funcional, ler sem conseguir interpretar é astronômica mundo e além disso o acesso a equipamentos digitais é limitado ao poder aquisitivo como mostrou a pesquisa TIC COVID 2019?

Por Joana D’arc Souza

Joana D’arc Souza é  CEO da Organize-se: escola de produtividade para mulheres empreendedoras, criadora do Método Produtividade Pessoal Integral, acredita que a Organização acontece de dentro para fora! Tem experiência teórica e prática como mentora e mãe de três.

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