Eu acredito! Sim, eu tenho fé.  Eu acredito que, mesmo já próxima dos meus 40 anos, ainda vou viver para ver o momento em que uma profissional será julgada pelo que faz e por como faz sem ter que passar pela máxima que aponta: “e olha que ela é uma mulher”.

É fato que somos mulheres e que temos em nós a dádiva única de gerar vidas. Também fato que temos características muito peculiares: como a habilidade de realizar muitas tarefas ao mesmo tempo; que conseguimos ser detalhistas em nossas atividades e somos donas de uma sensibilidade aguçada. É nato mesmo, vem de fábrica! Porém, acima de tudo, somos profissionais e queremos ser tratadas como tal: sem diferenças e sem privilégios, apenas com respeito e igualdade.

Segundo os Índices e Indicadores de Desenvolvimento Humano de 2018, as mulheres estudam mais que os homens: 8 anos em média versus 7,7 dos homens -, mas ganham até 43% a menos. Isso mostra que, apesar de tantas conquistas, de tantas habilidades e de tanta luta para mostrar as profissionais que somos, ainda esbarramos no gênero feminino versus o masculino e, pelo que tudo indica, o feminino vale menos no mercado.

Fonte: Índices e Indicadores de Desenvolvimento Humano. Atualização Estatística de 2018/PNUD

Sempre achei que as grandes injustiças do mundo começam quando as pessoas são julgadas por características natas: é o negro versus o branco e a injustiça do racismo; é o pobre versus o rico e as injustiças sociais; é a mulher versus o homem e as injustiças sexistas. E tantas outras que não cabe agora a mim discursar. Meu ponto é: nascer homem ou mulher não deveria servir de gatilho para injustiças, principalmente no âmbito profissional.

Fui criada em um ambiente familiar de muita igualdade e estímulo, de maneira que nunca fui tratada diferente por ser mulher. Crescendo neste ambiente, imaginem o meu choque ao enfrentar a injustiça apontada acima em pesquisa quando comecei a trabalhar. Eu simplesmente não compreendia (e sigo sem compreender).

O que mais me assustava e ainda assusta não é ouvir homens fazendo piadas e comentários sexistas. O que me assusta é ver mulheres com opiniões tão desmerecedoras acerca de si mesmas.

Certa vez uma advogada me disse que já havia “cumprido seu papel de mulher porque tinha gerado uma filha” e que agora era a minha vez de cumprir meu papel também.
Fiquei em choque! Estremeci! Será o papel da mulher ainda somente este de fêmea que procria? De serva que serve e de ouvido que ouve? Buscar produzir algo no mercado de trabalho é errado? Buscar igualdade de salário nos faz menos femininas?

O que sei é que, se as mulheres estudam mais e ganham menos é porque ainda estamos sendo julgadas muito mais pelo nosso gênero do que por nossas capacidades profissionais e intelectuais.

E para vencer esta barreira só nos resta seguir mostrando, dia-após-dia, que temos as competências necessárias para fazer o mercado acontecer. É seguir em frente até chegar à igualdade que buscamos: a igualdade que vai muito além do gênero.

Cynthia Prado

Digital Marketing & Ecommerce Specialist (B2B e B2C) 

Oracle Brasil